segunda-feira, 1 de novembro de 2010

GEPETTO - só indo pra ver!

Uma vez meu sobrinho Lucas, de 9 anos, que mora em São Paulo, me falou ao sair do Gepetto: "Tia, você tem muita sorte de morar perto desse restaurante!". Eu achei engraçado. Ele é um bom de garfo mas achei que ele falava mais do parquinho do restaurante do que propriamente da comida. O Gepetto tem um parque nos fundos do salão com brinquedos e até um local fechado onde ficam algumas aves inclusive um pavão que divertem a garotada e dá tranquilidade aos pais enquanto comem.

Mas não seria estranho se esse comentário do meu sobrinho fosse por causa da comida mesmo. Na verdade, até hoje não sei se foi. O Gepetto é daqueles restaurantes que agradam a família toda, inclusive as crianças. Daqueles que você tem que ir quando quer comer algo certeiro, simples, sem fru fru. Quando seu paladar está mais querendo ir para uma festinha em casa de amigos do que para uma noitada esporte fino.


Para quem mora na zona sul do Rio, pode parecer meio longe. Afinal, o Gepetto fica em Vargem Grande. Mas vale a esticada quando se quer comer uma boa carne, uma farofa honesta e uma batata frita digna de ser colocada no alto do pódio do seu ranking das batatas fritas. Eu não sou tarada por batata frita. Mas a do Gepetto é quase inexplicável. Eu também já comi lá um filé a parmegiana e estava do jeito que eu gosto: com bastante molho, queijo puxadinho na medida. Isso sem falar nas pizzas, bem despretenciosas, que podem ser uma excelente entrada.
O ambiente em si do Gepetto é todo muito simples, quando cheio um pouco tumultuado e jamais em tempo algum peça vinho. As opções são pobres pobres de marré marre. Mas é um ambiente familiar, daqueles poucos em que você pode ir com um grupo. E de novo: excelente para ir com crianças.
O melhor vem no final: a conta, pois o preço é bem honesto!
Eu já havia escrito sobre o Gepetto e só no final desse post que me dei conta. Fui reler e vi que quando fui da segunda vez, gostei ainda mais. Se quiserem ver o primeiro post, cliquem aqui.
Gepetto: EStrada dos Bandeirantes, 23417. Vargem Grande. Tel.: 2428-1100

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

COMO É BOM SE SURPREENDER

Eu não gosto de passas. Mas quando eu vejo que um prato foi elaborado de forma que passas fazem sentido, eu não deixo de comer e muito menos separo as passas.
Arroz com passas, não como. Nao vejo sentido. Mas apfelstrudel com passas eu como. Vejo sentido.
E assim eu sigo. De maneira que poucas vezes eu deixo de provar algo e não raro eu me surpreendo positivamente e vejo como se permitir experiências novas é bom quando o assunto é comida.

Hoje foi um dia desses. Fui conhecer o restaurante Domitila, da Larrissa Aguiar, em São Paulo. É um buffet executivo, daqueles restaurantes bem pra quem trabalha ali pela região do Itaim. Já devia essa visita a ela e também estava curiosa para conhecer a proposta da qual ela fala com tanto orgulho. Larissa tem uma história de empreendorismo que me fascinou desde que a conheci.

Confesso que já na entrada, vendo o buffet montado, já fiquei com invejinha de quem tem aquela opção de almoço perto do trabalho. A minha realidade nesse assunto é tão dura que metade daquela intenção da Larrisa pra mim já estaria excelente. Porque comida do dia a dia, naquela uma horinha que temos no trabalho, precisa ser ruim? Larissa mostra que, com amor ao que se faz e servindo comida temperada na honestidade, isso pode ser diferente.

Bom, mas papo vai, papo vem, um belo cuscus paulista de palmito pupunha aqui, uma deliciosa beringela com castanha picadinha em cima ali, uma inacreditável endívia recheada com pera assada cá, um pão de escarola e tomate molhadinho acolá e eis que chega a hora da sobremesa. Eu já sabia quais eram as duas opções: creme de abacate com crocante de castanha e creme de cupuaçu com brigadeiro meio amargo. Não tive dúvida e já pedi que ela guardasse pra mim: creme de abacate, oras.

Primeiro porque eu amo abacate. Segundo por que, confesso, não sou muito fã de cupuaçu. E poucas vezes peço sobremesas de chocolate. Mas... no meio do caminho havia Larrisa, havia Larissa no meio do caminho. Não é que ela mandou vir as duas à mesa pra eu provar? Ok, não era uma tarefa lá muito dura, ne? Comecei com o creme de abacate e raspei o prato. Eu sabia que tinha ainda um segundo round mas estava bom demais!

Aí, fui lá eu provar a segunda sobremesa. Nào foi por delicadeza, não. O negócio tava bonito.... No que coloquei a colher pra pegar as duas camadas juntas e levei à boca.... hummmmmmmmmmm..... Bingo! Fui pega! Agradeci ter provado, agradeci o fato de a Larissa nem ter perguntado se seu queria! E me vi naquela situação descrita no começo do post. Gostei tanto que, mesmo o creme de abacate estando tão bom, não sei dizer do que gostei mais.

Larissa, parabéns pelo seu projeto, foco e dedicação.

Paulistanos, se permitam um almoço no Domitila mesmo se você não trabalhar por ali. Você vai, assim como eu, se surpreender com alguma coisa.

Domitila - Rua Clodomiro Amazonas, 99, Itaim, São Paulo.




segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A MELHOR COMIDA DO MUNDO - sem sacanagem, é a da minha mãe

Sou de uma família de italianos, do lado de pai e mãe. Na cidade onde meus pais nasceram, no interior de São Paulo, talvez 90% da população seja de descendência italiana. Em Tietê, a 150 KM da capital paulista, é comum ter o sobrenome só do pai (como é o meu), as festas religiosas são as mais tradicionais e todas as comemorações são com muita gente, a familia toda, em volta de uma mesa, com muita fartura de comida e bebida. Os almoços são demorados. A agricultura ainda faz parte da tradição. É comum as famílilas terem horta e pés de frutas nos jardins de suas casas. A vida passa devagar por lá. Pelo menos pelos meus óculos, de quem vive no Rio.

Curiosidades sobre Tietê sempre me ficaram na cabeça, como por exemplo: um restaurante pra durar lá é difícil... Padaria tem de monte. Uma em cada esquina. Mas restaurante... Alguns poucos a kilo que funcionam durante a semana. Em Tietê as pessoas almoçam em casa.

Na minha família, minhas avós cozinhavam mas tenho poucas lembranças da comida delas. As perdi muito cedo. Da minha avó paterna, um doce de abacaxi. Da materna, tenho mais: ela morava no sítio e com o leite que meu avô tirava da vaca de manhã bem cedo ( e que por muitas vezes eu acordava para levar meu copinho com açúcar para ele encher direto da ordenha) ela fazia queijo. E guardava um inteiro pra mim pra quando eu chegasse do Rio. Eu amava aquele queijo, o melhor queijo fresco que já comi até hoje. Ela também fazia massa de torteli, ravioli, etc.

Minha mãe aprendeu a cozinhar com minha vó mas com certeza ela tem um dom maior. Quando eu era pequena, iogurte e geléia eram caros. Minha mãe então fazia. E que saudade tenho daquele iogurte! Lá em casa, crescemos almoçando e jantando comida boa, feita pela minha mãe. Arroz, feijão, carne, muito peixe, um legume refogado e salada, sempre! Nào tinha essa de lanchar, era janta mesmo! Então eu, meu pai e meus irmãos comemos bem, temos bom paladar, pra nos enganar é difícil. Mas enganar a minha mãe, é pior. Desde a compra do ingrediente até na hora de fazer, hoje fico observando e queria estar mais perto para poder aprender mais. Tudo é simples mas divinamente saboroso. Meu sobrinho é bom de garfo e eu acho que muito desse jeito dele de comer de tudo e gostar de tudo é pela convivência com a comida da minha mãe. Ele diz que o ingrediente que ela mais usa é o amor. "nisso ela exagera!", me disse um dia do alto dos seus 9 anos. Eu acho que ele tem razão.

Enfim, nos últimos dias eu tenho tentado aproveitar cada minuto da possibilidade de comer a comida da Dona Gê (nome da minha màe), afinal moramos longe uma da outra. Quando estou em São Paulo ou no sítio, é uma alegria. Nesse post queria dividir com vocês a polenta com frango caipira que ela fez no aniversário do meu pai. Receita da mãe dela, com um molho de fazer flutuar. Uma simplicidade que é puro requinte. Só não comi ajoelhada por que as mesas lá de casa são animadas pra chuchu! (como vcs podem perceber pelo áudio do vídeo abaixo, é um falatório sem parar!)



Depois dessa polenta, um almoço improvisado, segundo ela, antes de eu voltar pra casa: arroz e feijão frescos, repolho refogado e carne moída. Pra voltar ainda mais no tempo, eu coloquei uma bananinha do lado. A carne moída da D. Gê é diferente, é algo. Uma amiga, Fernanda, não come carne moída e quando comeu a da minha màe não acreditou. Perguntou o segredo: alcatra moída e não carne de segunda. A carne é bem sequinha, não fica com gosto de carne crua. E o tempero: tomate picadinho sem semente, salsinha, cebola, limào e um tempero de família que ela e todas as irmãs delas, minhas tias, fazem que é ouro em pó pra temperar. A quantidade é um mistério mas vai muito alho, manjerona, muita salsa, sal, cebola e óleo só pra ajudar a bater. É isso. Sempre tem um pote aqui em casa.

Todo esse post é pra dividir um pouco minhas origens, quem eu sou e fazer uma homenagem à comida caseira, principalmente a da minha mãe. Outro dia fui almoçar na Pousada Alcobaça, da Dona Laura. Ela é muito festejada pela carne assada e pela comida caseira que faz lá em Petrópolis. Longe de desmerecer a Dona Laura pois a comida dela é uma delícia, daquelas que faz você sentir o gosto de tudo, mas a minha mãe se abrisse um restaurante aqui no Rio faria tanto ou mais sucesso que ela. Quando fui comer na Alcobaça, saí com uma saudade da Dona Gê....

APPLEBEE`S - Fuçando o sabor aparece! Vai por mim!

Morando na Barra da Tijuca, você vai acabar, uma hora ou outra, experimentando esses restaurantes americanizados por aqui. Não tem jeito. Ainda que a cada dia vamos ganhando novas opções por aqui. Mas não tem jeito. Um dia você vai cair no Outback - e pode até descobrir que ali tem um bom corte de carne -, no Fridays - e descobrir que ali nem a fritura presta - e no Joe & Leo`s - e ficar triste ao perceber que o que era bom ali tá cada dia mais sem gosto.

Pois dia desses caí no Applebee`s, no New York City Center. Inaugurado em 2007 - apesar de a rede estar no Brasil desde 2004 - eu nunca tinha ido. Muito por que fujo do NYCC. Mas ao entrar no restaurante já gostei do ambiente. Jovem, animado, cheio, claro, atendimento simpático... Já tirei um dos meus dois pés atrás.

Animados com os drinks, coloridos e saborosos (tomei o meu de gut gut), fomos fazendo um rodízio de quitutes pra experimentar várias coisinhas. Mais americano, impossible. E eis que, em meio a várias itens do cardápio que visitaram nossa mesa, uma coisa me pegou no contrapé: o BBQ Pulled Pork Sliders. Hein? Hã? Esse nome todo todo nada mais é do que um mini sanduíche saboroso, suculento, de pão bem macio e recheado de costela de porco defumada desfiada e banhada levemente num molho (acho que barbecue) com fatias de picles. Sem dúvida, foi o que de melhor comi ali, ainda que os outros pedidos também estivessem gostosos. Mais do que ser o que de melhor comi ali, me deixou saudades e na próxima vez eu vou só ficar nele. Sim, senhores, poderá sim existir uma próxima vez! Tudo culpa desse senhor aí. O gosto é quase caseiro, o que me deixou impressionada numa rede de burguers e afins como essa. Com um pinguinho de um dos 5 tipos de Tabasco que eles oferecem, fica imperdível.

Ao final dos salgados, fui pro doce. E aí..... Confesso que essas sobremesas enormes, desses restaurantes americanos, me deixam confusa e enjoada. Nào gosto de sobremesa com nome de "trovão" e coisas do tipo. Mas o casal que estava comigo pediu a torta de maçà e eu disse pra mim mesma: experimenta!. Ainda bem. Amigos, trata-se de uma torta de maçã com pouca massa embaixo, uma camada crust de nozes em cima, que vem numa tábua de ferro quente, com sorvete de creme e calda de caramelo. É de fato muito boa. Tudo combina e a calda de caramelo é uma C-O-I-S-A! Você joga a calda, ela desce sobre a torta, bate no ferro quente, borbulha e tudo fica mais perfeito ainda!
Enfim, depois de um cinema, o Applebee`s me pegou de jeito e me mostrou que é americano, sim. Mas que nem por isso abre mão do sabor. Já tô ficando com vontade de comer um sanduichinho de costela daqueles....


Applebee`s: Avenida das Américas 5000. tel.: 2432-4732. Funciona das 12h às 23h, sendo sexta e sábado até 1h.
Outros enderços em www.applebees.com.br

LA FIORENTINA - Não vive só da tradição

Depois dos 3 útimos posts pauslitas, olhei pra minha listinha de posts a fazer (nunca mais vou deixar acumular, prometo) e escolhi o mais carioca deles: o La fiorentina, no Leme.

Há cerca de um mês fui lá com um amigo, morador do Leme. Esse meu amigo é daqueles que você bate o olho e logo vê que lugares tradicionais são com ele mesmo. O La Fiorentina foi fundado em 1957 e foi muito frequentado por artistas e pela boemia carioca. Ah, sim. Lugares boêmios é com ele também! Do meu lado, bateu uma vontade enorme de revisitar aquele restaurante que frequentei tanto nas madrugadas, pós fechamento, quando trabalhava na Abril, em Botafogo. Faz só uns 7, 8 anos.... E era sempre uma certeza de comida boa, de aconchego depois do trabalho intenso. Ia para casa felizinha.

Nesse almoço com meu amigo, Rodrigo, não foi diferente. Sentamos na agradável varanda, com vista para a praia do Leme e para a estátua de bronze do compositor Ary Barroso. Um vinho regou o papo mas quando a comida foi chegando que percebi que ali, graças a São Lourenzo, o sabor ia além da tradição.

Como entrada, pedimos o clássico camarão à fiorentina, marinado no vinho branco, alho, azeite, pimenta e limão. Saboroso, no ponto ideal do camarão. Acompanhado pela focaccia da casa, então.... era um excelente começo!





Como a entrada veio em porção generosa, o prato principal nós decidimos dividir e ver como ficava a fome. Escolhemos o arroz de polvo com brócolis. Confesso que fiquei curiosa mas ao mesmo tempo medrosa pois polvo é aquilo: ou é muito bom ou é muito ruim. Não tem meio termo, não tem um "dá pra comer". Respirei fundo e pedimos! Ainda bem! A quantidade veio na medida pra nós dois, o polvo era em fartura assim como o brócolis, bem picadinho e misturado no arroz. Me acabei!

Eu até lembro que a gente comeu sobremesa, que estava boa, mas não lembro o que era. Nada que eu devesse falar pra vocês não comerem mas também não deve ter ficado à altura do prato principal.

Saí do La Fiorentina com uma sensação muito boa e principalmente: de que o que eu paguei estava condizente com o que comi.

E pra não dizer que não falei das rosas, o único senão do almoço foi um leve deboche do garçom no atendimento (odeio deboche). Nada que o maitrê nào tenho consertado depois.

La Fiorentina: Avenida Atlântica, 458, Leme. Tel.: 2543-8395. Durante a semana, fica aberto até as 2h! e aos sábados, até as 4h! Viva!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

ZENA CAFÉ - o melhor gnhocci do mundo!

Nossa, quanto tempo não escrevia aqui.
Vocês estão autorizados a me dar bronca, ok?

Vamos lá. Hoje me deu um vontade súbita de comer o gnhocci do Zena Caffe, em São Paulo. Como moro no Rio, não foi possível. Foi então que percebi que depois da minha visita (a primeira por enquant0) ao restaurante do Ca Bertolazzi, não escrevi sobre o local aqui no Blog! Quanta injustiça! Ora, se escrevo com fervor aqui dos lugares que não gosto, os que gosto - e muito - precisam ter o mesmo destaque.

Bom, a noite começou com a cia da maravilhosa Li, da Casa da Li (aspicuelta, 23 - todos precisam conhecer um dia na vida!). Meio caminho andado para uma noite agradável. Melhorou demais quando conheci o Ca. E mais ainda quando a esposa dele, Fabiana, gravidíssima, sentou conosco à mesa. Uma olhada em volta e o charme da decoração despretenciosa me conquistou. Cá me explicou a proposta do restaurante: cardápio todo baseado na culinária da Ligúria, região norte da Itália. Já fiquei curiosa...

Quando começamos a comer, aí sim a noite começou. Primeiro, desfile de focaccias. Depois, focaccia ripiena, uma massa muito fina e crocante (inexplicável) recheada de um queijo que jamais havia comido na vida: stracchino. Essa focaccia é típica de Recco (na Ligúria). E finalmente, o gnhocci!!!!

Quem me conhece sabe que eu não sou propriamente uma fã ardorosa de gnhocci. Mas às vezes sinto vontade e quando como um realmente bom... bom, aí o negócio passa a ser sério. Foi o que rolou no Zena. Fiquei curiosa pra comer vários outros pratos mas todos me recomendaram muito o gnhocci. E ainda bem que segui as dicas!

Como tínhamos comido bastante antes, dividimos um gnhocci (eu a Li). Ela já tinha terminado e eu continuava a raspar o restinho do molho de tomate, do queijo (stracchino tb, derretidíssimo no meio no prato, uma coisa!), de tudo! Que feio, Boca!!! Mas que delícia! E pensar que o gnhocci, coitadinho, foi parar no cardápio por acaso. Viva o acaso!

Enfim, saí desse jantar com a certeza de que já descobri o lugar pra se comer gnhocci: no Zena Caffe. E saí também sabendo que aquele queijo me deixaria saudades!

Uma pena imensa que as fotos que eu tirei desse banquete tenham ficado tão escuras que não é possível ver nada, nadinha, nadica. Mas algo me diz que isso é pra aque eu volte e tente tudo outraz vez pra garantir a foto!

Zena Caffe: Rua Peixoto Gomide, 1901. Jardim paulista - São Paulo. Tel. (11) 3081-2158

Cotação da BOca: colher de sopa!

domingo, 22 de agosto de 2010

TAPPO - italiano com charme e gosto!

Está sendo muito bom conhecer novos lugares em São Paulo.
Como já escrevi aqui várias vezes, sou fiel às coisas que gosto, principalmente quando o assunto é comida. De um lado é bom mas de outro é ruim porque acabo indo sempre aos mesmos restaurantes. Nesses mesmos restaurantes, sempre estou aberta para conhecer novos sabores e pratos. Mas principalmente quando estou numa cidade diferente da que eu moro, acabo querendo ir nos que eu já conheço até pra reviver as delícias.
Porém, nas minhas últimas idas a São Paulo, voltei para o hotel com uma sensação maravilhosa, barriguinha feliz e novos amigos.
Uma dessas empreitadas foi no Tappo Tratoria, o restaurante italiano do Chef Benny Novak.
Pequeno, muito charmoso e badalado. Foi assim que encontrei o restaurante na noite em que estive por lá. Dei sorte de, sem reserva, conseguir uma última mesinha.
Na escolha do que comer, segui as dicas do próprio Benny e pedi 3 pratos, em meia porção, que ainda dividi com a minha amiga, além da entrada. Foi ótimo por que provei algumas delícias desse chef, que ainda é dono do Dinner 210 e do Ici. Se você for lá pela primeira vez, recomendo que faça como eu.

Nossas 3 massas foram: bucattini con le sarde, papardelle bolonhesa e spaguetti a carbonara. Com toda honestidade, não sei dizer qual foi meu preferido. Tenho a impressão que da próxima vez que eu for ao Tappo, vou querer repetir todos eles.
O bucattini com sardinhas é maravilhoso, com o peixe em pedaços, tomates, toque de erva-doce e passas. Eu não gosto de passas. Mas nesse prato faz todo sentido e nem pensei em separar na hora de comer. Originalmente, na Italia, me explicou o Benny que esse prato não leva tomates. Mas, sinceramente, acho que os carcamanos deviam mudar de ideia.






O papardelle foi uma forte sugestão do chef e ainda bem que segui. A massa é leve, maravilhosa. Mas o molho.... é uma versão bem clássico, grosso, com mais carne que molho. Sabor, sabor e sabor.





O Spaguetti foi pedido da minha amiga - já que eu tinha escolhido o com sardinha e o bolonhesa. Confesso que quando ela pediu, não me empolguei. Depois que chegou e eu provei, entendi que eu nunca pedia carbonara num restaurante porque nunca tinha visto um bom. Eu adoro ovo e não entendi como passei tanto tempo sem comer um bom carbonara, como é o do Tappo.






Na hora da sobremesa, tudo continuou delicioso. Panna Cotta com caramelo de Vin Santo e cheesecake de queijo de cabra com calda de framboesa. Eu adoro cheesecake e quis provar o de queijo de cabra. Achei muito interessante, gosto forte, cremosa. Mas a panna cotta.... é maravilhosa. Muito leve, delicada, vários sabores na boca.... que a essa altura estava calma, calma...
Nào sei, não... Mas algo me diz que agora, sempre qu eu for a São Paulo, vai ser difícil deixar de ir ao Tappo!
Tappo - Rua da Consolação, 2967. Tel. 11- 3063-4864

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A CASA É DA LI MAS PODERIA SER A NOSSA TAMBÉM!

Já falei aqui que o Twitter me proporcionou conhecer algumas pessoas muitos interessantes e queridas do mundo gastronômico. Logo no começo dessa minha aventura, vi uma pessoa meio amalucada que falava com a Roberta Sudbrack de um jeito engraçado, paulistana da gema. Ela não ri, ela grita "Rá" na sua cara, bem debochada. Ela não manda beijos e sim "beijas". Sua @ causou polêmica pois todo mundo queria saber seu estado civil: casadali. "É casada Li?", ouvi muita gente perguntando.

Não! É Casa da Li mesmo! Da Eliane André!!!

Quando ela veio para o Rio para fazer um T&D da Roberta Sudbrack - sua mentora e inspiração como ela mesmo diz - tive a chance de conhecê-la pessoalmente. ""Booocaaaa!!!", ouvi assim que cheguei. Uma figura, estava na cara.

Bom, receita aqui e ali, acabei ficando no grupo dela, o do franguinho (no T&D os alunos são separados em grupos para cada grupo realizar uma receita). Li se ausentou por um momento e quando voltou estava vestida pra guerra: uniforme todo preto, sapatos apropriados para cozinha, chapéu próprio e etc. Liderou nosso grupo: "faz isso, faz aquilo". Eu até trabalhei mas colei nela! Não queria de jeito nenhum ficar no grupo do frango por que nao sabia por onde começar mas quando vi a Li, sosseguei e arragacei mangas. Uma profissional, estava cara de novo. Coisa que o meio gastronômico todo já sabia, principalmente em São Paulo. Mas eu, confesso, não. Lá pelas tantas, na hora da dança (sim, sempre tem a hora da dança no T&D), a chef colocou uma música em homenagem a Li: Love is in the air.... Aos primeiros acordes, estava lá a Li, aos prantos.

O restante da aula e do jantar todo foi uma delícia e depois nos encontramos novamente, no dia seguinte, na terça básica do RS. Igualmente divertido, a energia da Li é contagiante.

Depois desse encontro, ela voltou pra São Paulo mas continuamos sempre nos falando via twitter. Parecia uma amizade de anos, coisa estranha mas muito boa. Bom, pelo menos para mim. Ela contava suas aventuras e agruras com a rotisserie que estava montando. Quem a segue no Twitter soube tudo, tim tim por tim tim.

Finalmente, ela abriu as portas e colocou duas mesinhas para quem quisesse almoçar. Em pouquíssimo tempo, já tem 8 mesas.... "Gente, não sou um restaurante, sou uma rotisserie", ela frisa. Mas.... não sei não....

Enfim semana passada conheci a Casa Da Li. Cheguei com a Roberta Sudbrack e a Li, ao ver sua mestra, já nos recebeu aos prantos. Registrei esse momento emocionante que fez meus olhos encherem de lágrimas. E assim, chorando, pura emoção, com cara de sapão como ela brinca, Li passou quase todo o almoço que acabou virando uma grande mesa, deliciosa, de risos, de sabores, de sensações. Uma mesa daqueles almoços de domingo na sua casa, em que uma ponta passa a focaccia daqui e a outra ponta da mesa passa o franguinho de lá. E isso explica o título desse post: apesar de os integrantes da mesa serem todos amigos da Li que foram prestigiá-la e também prestigiar a presença da Roberta ali (pessoas que conheci naquele almoço e que adorei!!!), a impressão que tenho é que essa aura de estarmos em casa, de informalidade, é marca da casa, que é da Li mas que podia ser de todos nós. Se você for, verá.



Desculpem se escrevi muito antes de chegar na comida mas essa história toda faz sentido quando você conhece o sabor da comida da Li, quando sente o gosto da emoção que ela deposita ali ao cozinhar. Conhecê-la faz diferença pra entender o sabor da sua focaccia de tomate, a beleza da sua porchetta (coisa de alfaiate, como diz a Sudbrack) e a leveza da massa da sua lasanha.



















O almoço todo foi uma farra gastronômica: porchetta (capa da revista Gosto desse mês), focaccia de tomate, focaccia de cebola roxa, pernil desfiado (lindo pra comer com pão!), franguinho assado à perfeição, lasanha de carne... ai ai, já estou salivando. É tudo muito saboroso, simples e que leva a gente a algum lugar lá dentro de nós.

Chega! Não vou falar mais. As poucas fotos que tirei e que ilustram esse post devem falar por mim.

A Casa da Li está na rua aspicuelta, na vila madalena, lá no comecinho dela, número 23.


Ah! E Não esquece: é uma rotisserie, pode quebrar um galhão cheio de sabor na sua casa. Com visitas, entao... faz uma bela vista!



Nada melhor pra terminar esse post do que com uma foto dessa estrela, a porchetta da capa!!!
Casa Da Li: Rua Aspicuelta, 23, Vila Madalena , São Paulo.

domingo, 25 de julho de 2010

BAR LAGOA - CONTINUA TUDO EM FORMA POR LÁ

O Bar Lagoa, no Rio, sempre foi pra mim um porto seguro.
E olha que eu nem tomo chopp.

A carne de lá é ótima, o peixe com alcaparras e palmito é ótimo, o sanduíche de filé com queijo - já diria Roberta Sudbrack - é ótimo, enfim....

Mas hoje tive uma experiência realmente deliciosa lá, que só constatou que o Bar é antigo, existe desde 1934, mas está em excelente forma! Corpinho de 18!
Cheguei com vontade de comer carne, mas ao ler o cardápio, eu e meu amigo começamos a desenhar um menu mais típico de la e parecia tentador. Embarquei e agradeço muito pela incrível viagem.

Começamos com salsichão aperitivo. Pedimos a porçao mista, só cozida: meia com salsichão branco, meia com o vermelho. Belo começo. Recomendo que você peça o salsichão só cozido mesmo, pois quando vem frito fica meio forte, indigesto. O cozido desceu redondo com a mostarda escura.
Depois, ainda dividindo entrada, pedimos um steak tartar, tradicional por lá. E maravilhoso! Temperado na hora, com torradinhas, a porção é bem generosa!
Prato principal: Kassler com chucrute! Só uma coisa a dizer: Uau! Kassler macio e saboroso, chucrute ácido na medida. Sobremesa: se a onda é ficar nos típicos, apfelstrudel quentinho com chantili! Ai ai. Um bem pra alma!
Tudo isso vendo o entardecer do Rio de Janeiro, de frente para a Lagoa Rodrigo de Freitas, com os garçons nem tão antipáticos como era a tradição. O que nos atendeu era excelente, nota mil!

Enfim, o bar Lagoa continua sendo um porto seguro e dá pra navegar em várias marés por lá, sem medo.

Colher de sopa pro Bar Lagoa!

TABOADA - NEM TUDO EM SALVADOR É MOQUECA. MAS NEM TUDO TAMBÉM É BOM

Eu tenho um pé na Bahia. Definitivamente.

Não só por que lá tem pessoas que amo, nem só por que nasci no dia de Iemanjá. Eu chego em Salvador e me sinto em casa.
Ao longo do tempo, a cidade foi ganhando bons restaurantes e tem já uma boa gastronomia que vai além da comida típica, moqueca e acarajé. Salvador tem bons restaurantes italianos e franceses de donos que conheceram a cidade como turistas e resolveram morar nesse paraíso. Tem também boa comida espanhola, pela forte descendência. E comida japonesa, pra mim, não tem melhores no Rio ou São Paulo do que o Soho e o Shiro.

Quando vou a Salvador, gosto de revisitar os bons lugares que gosto lá (e é uma pena o Trapiche Adelaide ter fechado) e conhecer os novos. Um dia ainda faço um post só com dicas da cidade, ok? Mas eis que semana passada, em passagem pela cidade e dessa vez a trabalho, pude jantar com minhas amigas e quis ir conhecer um lugar que há muito me deixava curiosa, o Taboada, no Rio Vermelho.

O Taboada fica numa casinha branca com luminárias fora, muito fofa. Fala francês. Por incrível que pareça, estava friozinho em Salvador, chovia bastante. A noite pedia um vinho e um queijo pra começar. Tudo estava propício pra minha estreia por lá.

De cara, já pedimos um bom vinho Pinot Noir francês. O couvert era simpático também: pães, tapenade, pasta de queijo e de cebola. Começamos bem.
Como não tinha queijo de entrada no cardápio, pedi uma sopa de cebola. Estava gostosa mas com fatias de pão e de queijo muito grossas em cima. Deixei de lado isso e caí no caldo que estava saboroso, com ceblos cortadas bem fininhas.











Pra conseguir pedir o prato principal, não pudemos contar com a ajuda do garçom, bem perdido e pouco conhecedor dos detalhes do menu, que achei um pouco confuso. Resolvi então ir no básico: filé ao poivre com batatas gratinadas. A carne estava boa, o molho saboroso mas a batata foi o melhor do prato.
Eis que na sobremesa.... poxa, justo na sobremesa???!!! Bom, vamos lá: eu amo tarte tatin. sei que não é fácil fazer e por isso não são muitos os restaurantes que servem. Quando vi no cardápio, num restaurante francês, fui sem medo. Mas infelizmente, a tarte tatin do Taboada chegou totalmente queimada embaixo, mas queimada de cheirar queimado. E com uma massa folhada que não tem nada a ver. Pedi pra trocar. "Um creme brulle, esse nao tem erro". Mas teve. NUNCA vi um creme brulle daquele jeito. A casquinha de açucar de cima não quebrava. Ela se desgrudou totalmente do vreme embaixo e não quebrava. O creme estava duro, frio, parecia uma cremogema BEM dura, bota maisena aí! Enfim, saí de lá sem sobremesa e decepcionada.
Como o serviço não foi lá também essas coisas (o maitre muito atencioso mas o garçom...), achei o Taboada bem mais ou menos.
Minha próxima investida em Salvador: Chez Bernard. Dizem que é coisa fina.
Cotaçao da Boca pro Taboada: colher de café....


domingo, 27 de junho de 2010

COMIDA DI BUTECO - DE BAR EM BAR A GRAÇA É SE SURPREENDER

Hoje o post é de uma colaboradora, leitora do blog, que gentilmente me escreveu pra me contar suas andanças pelos bares do Rio de Janeiro em busca dos petiscos do Comida di Buteco.
O nome dela é Claudia Florêncio e eu agradeço de coração o seu email!!! A Claudia foi a 4 bares do evento e experimentou os pratos concorrentes. Você que está a fim de fazer a peregrinação pelos butecos, leia as observações dela antes!
Ja peço desculpas pela demora na postagem, ta Claudia?
Ah! e pra você que é de São Paulo, vale também uma dica, que nào está no Comida di Buteco: Chico & Alaíde, no Leblon. Salgadinhos de primeira!
Vamos lá, às dicas da Claudia!

"Sou de são Paulo e vim de férias para o Rio de Janeiro. Não sabia que por aqui rolava também o Comida di Buteco. Eu e meu marido resolvemos participar e fomos em 2 bares que concorrem ao Boteco do Coração da cidade.
Começamos pelo Da Gema e comemos o Fondue da Gema, que é linguiça da casa e costelinha com um creme deliciosa de milharina, maionese, milho branco e mussarela...uma delícia, sem contar com a simpatia da dona que nos recebeu na mesa. Depois partimos para o Pavão Azul e pudemos degustar um risotinho de camarão dos SONHOS.

Dia 23 de junho, fui experimentar o petisco concorrente do Comida de Buteco, da Aconchego Carioca. Que delícia !! O nome do prato é Futrica na Roça (picanha suína, assada coberta com molho de banana da terra e cebolas refogadas na cerveja). Forte candidato a vencedor. Fui também no Cachambeer, o petisco que pedi foi o Explode Cabritão (cabrito no bafo temperado com ervas finas. vem com farofa amarela de alho torrado com açafrão). Vale com dica."

quarta-feira, 9 de junho de 2010

QUAL DESSAS DELÍCIAS VOCÊ COMPRARIA?

Olha essas fotos....

qual desses produtos de luxo vc compraria???

São fotos do designer Fulvio Bonavia, "A Matter of Taste".

Quem me mostrou foi a Vanda Klabin!

Obrigada!!!

E Então? Qual deles você compraria?

Confesso: não resistiria a bolsa de queijo, mas não duraria até uma festa.

Já a bota de alho pode ser BEM útil!









segunda-feira, 31 de maio de 2010

MALDADEZINHA DO BEM... POEMA PROS NOSSOS OLHOS...

Estava eu aqui querendo dar uma agitada.
Olhando as fotos do meu celular - que só tem comida - percebi que tinha uma coleçao que merecia ser dividida.
São obras de arte. Mesmo. A artista? Velha conhecida desse espaço: Roberta Sudbrack.

Mas olha e me diz se são ou não são obras de arte!

















VIVA O CHICO! VIVA A ALAÍDE! VIVA! VIVA! VIVA!


Sempre quis levar meus pais pra comer as delícias da Alaíde, no Leblon. Mas achava confuso demais. O que pra mim é um charme, pra eles poderia ser incômodo. Aquele auê, mesas apertadas, muita gente do lado de fora....
Sábado criei coragem e fomos. E, como não podia deixar de ser, os dois caíram de boca nas tentações servidas no Chico & Alaíde, ali no começo da Dias Ferreira.
Entre todos os quitutes tradicionais da Alaíde, o meu preferido é o bolinho de abóbora com carne seca. É muito bom.
Mas sábado conheci outras novidades que valem o destaque e a ida ao lugar: bolinho de tutu (não consegui mostrar bem na foto) - com massa de feijão, linguiça dentro e dois torresmos fora - e o kibe de cordeiro. Achei que esse poderia ser gourmet demais pro Chico & Alaíde, mas não. É uma iguaria. A moquequinha também é uma delícia e vale experimentar. Minha mãe repetiu. Mas meus preferidos ficam para os já citados.
O melhor do Chico & Alaíde é o depois. Horas após termos saído de lá, ninguém conversava com a fritura ou com temperos exagerados. A memória era algo sutil, uma lembrança do prazer que sentimos enquanto comíamos. Aprendi essa liçao depois da minha ida ao Venga, vcs sabem...
Ah, por fim mas não menos importante: chopp Bhrama Black bem tirado, ponto observado por meu pai já que não tomo chopp....
O Chico & Aláíde é um belo programa carioca, pra quem mora na cidade ou não!

terça-feira, 25 de maio de 2010

COZINHANDO E CANTANDO... E SEGUINDO A EMOÇÃO!

Muito já falei sobre a Roberta Sudbrack aqui. (e desculpas a quem acha que falo muito dela, mas continuarei falando).
Muito já falei sobre o encontro mágico entre as @s do Twitter e como fui pega pelo coração por esse grupo delicioso.
Num desses encontros, regado a bolo de casamento da D. Dirce, que nos foi apresentado pelo @pboueri (Pedro, pros íntimos), lá na Roberta Sudbrack, fiz o convite e Pedro aceitou: escrever sobre a boleira no meu blog.

Esperei dias e dias. Noites a fio.
E o texto chegou.
O rapaz enveredou por outros caminhos. Nada de D. Dirce no texto. A ver com ela, só mesmo a essência do que está escrito por ele.
Mas acabou por gerar uma linda homenagem, que publico com muita honra aqui.
Pedro, espero te ver outras vezes aqui!

Com, vcs, Pedro Boueri:

"Certa vez eu ouvi de um médico uma história que me deixou bastante intrigado. Era mais ou menos assim: O pai desse médico estava internado, no CTI, em estado terminal. Mas estava consciente. Foi então que, em um determinado dia, esse médico perguntou ao seu paciente/pai se ele gostaria de algo. O paciente/pai não titubeou. A sua resposta foi certeira e fulminante: “Eu gostaria MUITO de um pastel...” O médico, praticamente que com a mesma rapidez com que o paciente/pai lhe havia respondido, saiu e retornou carregando consigo o pastel tão desejado. Dada a já extrema gravidade do quadro de saúde do paciente/pai, aquele pastel seria absolutamente desinfluente. Foi então que o paciente/pai pôde se deliciar com o objeto de seu desejo, consumindo-o lentamente e aproveitando ao máximo cada milímetro dele. No dia seguinte, o paciente/pai faleceu. Não – absolutamente! – em virtude do pastel, mas sim porque esse era o desfecho inevitável que se avizinhava a toda evidência.

Paralelamente à dor da perda, o médico se sentiu confortado por saber que havia tomado a decisão que, bem visto aquele desfecho inevitável, se confirmava como tendo sido a mais acertada: proporcionar ao seu paciente/pai aquele que agora se sabia ter sido um último momento de prazer.

Eu disse intrigado no início deste texto porque essa história me fez refletir sobre a relação extremamente peculiar – ou mesmo única – que o ser humano possui com a comida.

Depois de refletir muito, eu concluí que comer é o único prazer que o ser humano consegue ter, com a mesma plenitude, desde o instante em que ele nasce,até o instante em que ele morre.

A primeira coisa que um bebê recém-nascido faz é chorar. Chora porque tem fome e, bem alimentado, para imediatamente de chorar. O prazer do bebê é o mesmo daquele paciente/pai que, nos seus últimos instantes, pôde saborear aquele pastel trazido ao CTI por seu filho (que era médico mas ao mesmo tempo era um ser humano e, nessa condição, compreendia que o prazer de uma boa comida seria bem mais eficiente para o seu paciente/pai,do que qualquer remédio do qual se tivesse conhecimento).

Pois muito bem. Passemos a tratar daqueles que concentram, em suas mãos, o poder e o privilégio de proporcionar às pessoas esse prazer peculiar, único e pleno.

Em matéria de culinária, o talento por si só não basta (independentemente do quão grande seja ele). O que faz – e principalmente o que mantém – um grande cozinheiro é tão essencial quanto básico: o amor pelo seu ofício. É por isso que, não raramente, um cachorro-quente preparado na mais simples carrocinha de rua pode acabar proporcionando ao seu respectivo consumidor muito mais prazer do que lhe poderia proporcionar o mais refinado e criativo prato de nouvelle cuisine.

Aliás, não duvidem se qualquer dia desses o amor da dona daquela carrocinha de cachorro-quente pelo seu ofício for capaz de transformá-la em uma incomparável chef de cuisine.

Outro ingrediente fundamental ao sucesso de qualquer cozinheiro é a sua simplicidade. Eu já não me lembro mais o que senti, na semana passada, ao comer aquele lindo e cirurgicamente bem decorado prato à base de lagosta (ou outro personagem do mar), acompanhado de algumas porções com nomes impronunciáveis, naquele renomadíssimo e premiadíssimo restaurante (cujo nome fica aqui omitido) e cujos funcionários me trataram como tratavam tantos outros clientes que lá estavam pelos mais variados motivos, mas não para efetivamente vivenciar uma experiência alimentar prazerosa e plena.

Por outro lado, ainda que eu consiga viver 100 anos, jamais me esquecerei do prazer que eu sinto ao comer o frango assado com farofa de ovos preparados pela minha avó, a torta de goiabada preparada pela minha outra avó, e os camarões ao catupiry preparados pela minha mãe.

Em matéria de prazer e plenitude proporcionados, todo requinte daquela lagosta (ou daquele outro personagem do mar) inominada não conseguiu chegar nem mesmo perto da absoluta simplicidade dos demais pratos aos quais me referi acima.

Mas o que será que faltou àquele grand chef de cuisine – de cujo nome eu também não me lembro mais e, ainda que me lembrasse, acabaria omitindo –,e que nunca faltou e nem falta às minhas avós e mãe?

A resposta, meus caros, tem a mesma simplicidade que derrotou o requinte sem nenhum esforço: elas (avós e mãe) não estão ali nas suas cozinhas para preparar mais um frango, mais uma torta e nem mais um prato de camarões ao catupiry. Elas estão ali para agradar uma pessoa querida. Eis o segredo.

Eu sempre tive paixão absoluta por comida. E nesse contexto, requinte e simplicidade sempre me pareceram conceitos antagônicos. Foi quando me surgiram, sem pedir licença, a queridíssima Feiticeira e os seus não menos queridíssimos aprendizes de feitiçaria que, pela simples maneira como atendem cada um dos clientes que se apresentam na inconfundível casinha laranja à beira do canal, deixam claro que amam cada detalhe de tudo aquilo que fazem ali (qualquer que seja a sua função). E que isso é o que lhes realiza e lhes faz sentir, dia após dia e já há gloriosos e bem sucedidos 5 anos de muita luta, aquela sensação gostosa, indescritível e inigualável de “missão cumprida”.

A Feiticeira e sua equipe de aprendizes de feitiçaria não fazem nenhuma questão de esconder o segredo de todo seu sucesso: ela e eles se devotam às suas funções com o mesmo amor que as minhas avós e a minha mãe se dedicam àqueles que sabem ser os meus pratos favoritos.

Posso garantir a vocês, meus caros, que absolutamente nada do que eu tenho tido o privilégio de vivenciar e experimentar, naquela casinha laranja à beira do canal, será esquecido. Por mais que seja um local requintado (um verdadeiro castelinho laranja à beira do canal), certamente foi a simplicidade daquelas pessoas e o amor que elas devotam ao que fazem que as tornaram quem elas são hoje.

Vida longa à Feiticeira e aos seus aprendizes de feitiçaria. Vida longa à casinha laranja à beira do canal. Que todos continuem ainda, por muitos e muitos anos (100,no mínimo!), proporcionando a todos nós este que, como eu disse acima, é o maior e mais pleno prazer que nós temos nas nossas vidas.

As palavras de Adélia Prado são oportunas para o final deste texto: "Minha mãe cozinhava exatamente: arroz, feijão roxinho, e molho de batatinhas. Mas cantava." É isso mesmo. Quem sabe proporcionar às pessoas,todo prazer que essa Feiticeira e os seus aprendizes de feitiçaria proporcionam deve mesmo poder ser assim: Feliz e realizado, mesmo que com as coisas mais simples. Cantando sempre!

Ah! E qualquer semelhança entre a parte final desse poema e aquelas cifras carinhosamente postadas via Twitter, diretamente da Sudvitrola, é mera coincidência, ok? Ou talvez não...

E então... Quer ser cozinheiro?"

domingo, 23 de maio de 2010

EU E MEU TOSTEX - Um casamento promissor

O papo rolou no Twitter agorinha mesmo... Acho que o caso de amor entre mim e um tostex de ferro fundido, mineiro, que saiu lá da casa da Roberta Sudbrack pra minha, ficou escrito de forma tão real que resolvi compartilhar aqui e mostrar a cara desse novo amor. Trata-se da nossa "primeira vez", um misto quente feito com carinho mas mesmo assim o primeiro saiu queimado. já o segundo.... hummm...

olha a carinha dele aí!!!!

segue a minha declaração via Twitter:

que delícia!! Inesquecível!! Viciante!!! é um gosto diferente, deve ser o amor. obrigada, @robertasudbrack, por me mostrar o que é bom!
14 minutes ago via web

na nossa primeira tentativa, uma distraçao minha e pronto, ele parou a brincadeira. saiu preto de raiva. fomos tentar novamente e aí sim....
16 minutes ago via web

ainda bem q sou insistente. ele é lindo mas gosta de td ao seu jeito, q vc fique sempre d olho nele. senão, queima!!! como é possessivo...
17 minutes ago via web

a @robertasudbrack ao nos apresentar, eu e o tostex, não me deu dicas sobre seu temperamento... fomos nós dois nos descobrir sozinhos...
18 minutes ago via web

as @binhas_ estavam presentes qdo nos conhecemos. emoçao! mas como td casamento, ja deu 1 pouco d trabalho......
19 minutes ago via web

foram 3 dias de namoro. Eu olhando pra ele e ele pra mim. Até que hj, enfim, casamos! testei o tostex!!!presente luxo da @robertasudbrack ..
21 minutes ago via web

LA BOTICELLA - antes e depois de Madonna, tudo continua igual por lá

Há lguns anos, quando me habituava a morar na Barra e buscava opções de restaurantes no bairro que não fossem só de hamburgueres, uma amiga italiana - de verdade - me indicou o La Boticella. Fica na Barrinha, numa praça agradável, bem no alto e onde já é até meio friozinho. Fui e a cozinha de lá me pegou! Virei cliente.
Esse ano, inclusive, Madonna foi jantar no lugar. Não entendi o que ela fazia lá por que o restaurante é zero badalado. Mas se foi atrás de sabor, encontrou. Na foto que vi da visita de Madonna ao La Boticella, lá estava Giancarlo - o dono - atrás dela na saída do restaurante. É um argentino gente boa, que está sempre por lá e que faz questão de cumprimentar todas as mesas, beijando as damas na mão. Um gentleman.

Falemos pois da cozinha do La Boticella. A massa de lá é leve, feita na casa, uma delícia. Já comi vários pratos do cardápio e o único que não fez muito minha cabeça foi uma massa que tem molho de vinho tinto. É bem forte e denso. A lasanha de bacalhau, o gnhocci, o agnolloti de cordeirinho, enfim, tudo é bom! meus preferidos são o talharim Carmen e the best one é o espaguetini Casalingue. É um molho lindo e simples de tomate, com seleção de carnes cortadas na ponta da faca. Muito Bom!

Porém, sexta passada estive lá com amigos e eis que me indicaram o Javali. Eu adoro javali mas nunca comia porque sempre vou para jantar, achava pesado. E o Javali do La BOticella é uma junção de acompanhamentos que me parecia estranha: purê de lentilhas, maçã assada e gnhocci. Mas fui de cabeça na indicação. E não me arrependi.

O gnhocci vem sem molho nenhum. Ïdeal pra que você sinta o sabor da massa e misture um pouco no molho do Javali. O Javali vem desmanchando de tão macio, num molho bem saboroso. O purê de lentilhas é igualmente saboroso e a maçã dá um toque doce entre uma garfada e outra.
Virou top na minha lista e agora terei trabalho pra escolher entre ele e o Casalingue da próxima vez que eu for.


De sobremesa, fui no tiramissu. Poucas vezes tenho estômago para chegar na sobremesa - o antepasto de lá é muito bom também e é um desperdício não pedir - e sempre escolho o tiramissu. Mas fazia tanto tempo que eu não pedia que tinha me esquecido como ele é bom!
É Muito BOM! Um amigo que estava na mesa já fez uma busca pelos melhores do Rio, sempre pedindo tiramissu nos restaurantes que vai, e constatou que o do La Boticella está no top 5.

O único senão da casa - e preciso dizer porque destoa muito do ambiente de tijolinhos a vista e bem italiano - são as fotos que o Giancarlo pendurou na parede do filho. O menino é bonito mas faz caras e bocas, meio sensuais demais para uma parede de restaurante. Não combina. Mas também não estraga nada no final das contas.

Então, colher de copa pro La BOticella! Ainda bem que é perto de casa.