segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A MELHOR COMIDA DO MUNDO - sem sacanagem, é a da minha mãe

Sou de uma família de italianos, do lado de pai e mãe. Na cidade onde meus pais nasceram, no interior de São Paulo, talvez 90% da população seja de descendência italiana. Em Tietê, a 150 KM da capital paulista, é comum ter o sobrenome só do pai (como é o meu), as festas religiosas são as mais tradicionais e todas as comemorações são com muita gente, a familia toda, em volta de uma mesa, com muita fartura de comida e bebida. Os almoços são demorados. A agricultura ainda faz parte da tradição. É comum as famílilas terem horta e pés de frutas nos jardins de suas casas. A vida passa devagar por lá. Pelo menos pelos meus óculos, de quem vive no Rio.

Curiosidades sobre Tietê sempre me ficaram na cabeça, como por exemplo: um restaurante pra durar lá é difícil... Padaria tem de monte. Uma em cada esquina. Mas restaurante... Alguns poucos a kilo que funcionam durante a semana. Em Tietê as pessoas almoçam em casa.

Na minha família, minhas avós cozinhavam mas tenho poucas lembranças da comida delas. As perdi muito cedo. Da minha avó paterna, um doce de abacaxi. Da materna, tenho mais: ela morava no sítio e com o leite que meu avô tirava da vaca de manhã bem cedo ( e que por muitas vezes eu acordava para levar meu copinho com açúcar para ele encher direto da ordenha) ela fazia queijo. E guardava um inteiro pra mim pra quando eu chegasse do Rio. Eu amava aquele queijo, o melhor queijo fresco que já comi até hoje. Ela também fazia massa de torteli, ravioli, etc.

Minha mãe aprendeu a cozinhar com minha vó mas com certeza ela tem um dom maior. Quando eu era pequena, iogurte e geléia eram caros. Minha mãe então fazia. E que saudade tenho daquele iogurte! Lá em casa, crescemos almoçando e jantando comida boa, feita pela minha mãe. Arroz, feijão, carne, muito peixe, um legume refogado e salada, sempre! Nào tinha essa de lanchar, era janta mesmo! Então eu, meu pai e meus irmãos comemos bem, temos bom paladar, pra nos enganar é difícil. Mas enganar a minha mãe, é pior. Desde a compra do ingrediente até na hora de fazer, hoje fico observando e queria estar mais perto para poder aprender mais. Tudo é simples mas divinamente saboroso. Meu sobrinho é bom de garfo e eu acho que muito desse jeito dele de comer de tudo e gostar de tudo é pela convivência com a comida da minha mãe. Ele diz que o ingrediente que ela mais usa é o amor. "nisso ela exagera!", me disse um dia do alto dos seus 9 anos. Eu acho que ele tem razão.

Enfim, nos últimos dias eu tenho tentado aproveitar cada minuto da possibilidade de comer a comida da Dona Gê (nome da minha màe), afinal moramos longe uma da outra. Quando estou em São Paulo ou no sítio, é uma alegria. Nesse post queria dividir com vocês a polenta com frango caipira que ela fez no aniversário do meu pai. Receita da mãe dela, com um molho de fazer flutuar. Uma simplicidade que é puro requinte. Só não comi ajoelhada por que as mesas lá de casa são animadas pra chuchu! (como vcs podem perceber pelo áudio do vídeo abaixo, é um falatório sem parar!)



Depois dessa polenta, um almoço improvisado, segundo ela, antes de eu voltar pra casa: arroz e feijão frescos, repolho refogado e carne moída. Pra voltar ainda mais no tempo, eu coloquei uma bananinha do lado. A carne moída da D. Gê é diferente, é algo. Uma amiga, Fernanda, não come carne moída e quando comeu a da minha màe não acreditou. Perguntou o segredo: alcatra moída e não carne de segunda. A carne é bem sequinha, não fica com gosto de carne crua. E o tempero: tomate picadinho sem semente, salsinha, cebola, limào e um tempero de família que ela e todas as irmãs delas, minhas tias, fazem que é ouro em pó pra temperar. A quantidade é um mistério mas vai muito alho, manjerona, muita salsa, sal, cebola e óleo só pra ajudar a bater. É isso. Sempre tem um pote aqui em casa.

Todo esse post é pra dividir um pouco minhas origens, quem eu sou e fazer uma homenagem à comida caseira, principalmente a da minha mãe. Outro dia fui almoçar na Pousada Alcobaça, da Dona Laura. Ela é muito festejada pela carne assada e pela comida caseira que faz lá em Petrópolis. Longe de desmerecer a Dona Laura pois a comida dela é uma delícia, daquelas que faz você sentir o gosto de tudo, mas a minha mãe se abrisse um restaurante aqui no Rio faria tanto ou mais sucesso que ela. Quando fui comer na Alcobaça, saí com uma saudade da Dona Gê....

2 comentários:

Unknown disse...

Concordo com vc. A melhor comida é da minha mãe e de minha avó. não tem outras nem concorrências. elas são as melhores. Ganham meus votos em tudo. Do doce ao salgado. Chegar de uma viagem e comer o arroz feito na hora com carne assada, feijão quentinho. Não tem pra ninguém. São delas o troféu numero 1, SEMPRE.

Mathiasrj disse...

Pelo amor de Deus!!!!!!

Estou morrendo de fome depois de ler esse post.

Me avise, que vou te pedir uma marmita na próxima vez

É esse tipo de comida que me encanta...
Sou apaixonado por refogado e polenta.

Bjs!