quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O MELHOR DA BRIGA É FAZER AS PAZES

Nos últimos 10 dias, passei por duas experiências gastronômicas que me deixaram muito feliz, pelo mesmo motivo. Nas duas, a conclusão foi: como é bom fazer as pazes com os lugares que você quase riscou do seu caderninho. Dizem que o melhor da briga é fazer as pazes. Hoje, mais do que nunca, acho que essa máxima vai muito além da relação marido e mulher.

Sim, comecei esse post pelo final. Mas isso é, de fato, o mais importante que eu gostaria de falar. Então, se você ainda quiser saber mais detalhes, fica mais um pouquinho aqui e continua lendo.
Primeiro destino revisitado foi o Brasserie CT, do Claude Troisgros, no shopping Fashion Mall. As duas últimas vezes que fui lá, comi muito mal. O frango, especialidade da casa, veio totalmente cru. O atendimento estava péssimo. Isso só pra citar poucos exemplos.

Pois bem. Sábado passado, a procura de um restaurante para trabalhar num roteiro com um amigo, lembrei de lá. Condições impostas por ele: tem que ter ar condicionado, não pode ter mesas muito coladas, um bom vinho branco e toalhas brancas. O Brasserie CT atende a tudo isso e ainda tem um ótimo Wi-fi que eu já tinha usado antes. Mas avisei logo pra ele: a única coisa é que a comida deixa muito a desejar pra não dizer que é ruim. Ele olhou o site (e elogiou) e falou: vamos lá mesmo.

E foi ótimo. O atendimento do garçom Marcio estava impecável. Nos auxiliou na escolha de bons vinhos. Escolhemos um ceviche com abacate e quinoa de entrada, que estava muito fresco e saboroso. Azedinho como eu gosto. Depois, eu fui num namorado com ratatoule - excelente - e ele num magret de pato - que estava absolutamente no ponto ideal, suculento, saboroso.
De sobremesa, comi um profiteroles delicioso.

Saí de lá trilili, com o trabalho muito bem encaminhado e feliz da vida de ter comido tão bem!













A segunda reconciliação que fiz foi com o Le Vin, no Barra Shopping. Na verdade, a primeira vez qu eu fui lá, só comi sobremesa. Mas fui com muita expectativas. Me falavam muito bem de lá. Saí do Zuca sem comer sobremesa por aque achei tudo sem graça. Sentei no Le Vin quando soube que tinha Tarte Tatin! Eu amo Tarte Tatin e sei que não é fácil achar uma boa. Mas num restaurante francês, muito bem falado, achei que não tinha erro. Ainda mais quando o garçom disse na segurança: é o melhor Tarte Tatin que você já comeu.

Bom, veio a Tarte Tatin e também o creme Brulee do meu amigo. Os dois estavam ruins. O creme brulée menos, mas a tarte tatin.... tsc tsc tsc. Nem de longe era caramelada, nem de londe tinha a massa ideal, nem de longe era uma tarte tatin.

Eis que hoje fui jantar lá com os mesmos amigos da empreitada da sobremesa. Comi um excelente steak tartar com fritas. Temperado no ponto, sem ser enjoado, as batatas sequinhas. As sobremesas foram o auge dessa vez: ovos nevados com creme de baunilha, sopa de morangos com sorvete de creme e profiteroles. Meus ovos nevados estavam uma maravilha. Tudo numa combinação perfeita, leve, ideal para fechar com chave de ouro o jantar. A sopa de morangos estava fresca, cheirosa. O profiteroles eu não provei mas estava com uma cara linda e um cheiro do chocolate de arrepiar.

Saí do Le Vin querendo voltar muito em breve para comer o bouef bourguignon e o arroz de pato.

E assim terminam as minhas histórias de reconciliação com esses dois restaurantes que voltaram a fazer bonito e a brilhar no meu caderninho de opções. Anota aí no de vocês também e depois me contem como foi.








quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

NA ALTA GASTRONOMIA, DETALHES FAZEM DIFERENÇA

Que saudades estava eu de escrever aqui! Rolou uma preguicinha, confesso.
Mas nos últimos dias, algumas pessoas me disseram: "li o blog", "escreve mais". Então, especialmente para a Ingrid, o Alexandre Pimenta e o Nicolau, vamos falar sobre os detalhes tão importantes quando falamos de alta gastronomia. Vamos falar do dia em que eu conheci, finalmente, o Olympe, do Claude Troigros.

Bom, já começa que o restauranteé do Claude mas o chef que fica lá é o filho dele, o Thomaz. Ou seja, se você pedir o menu confiance, como eu fiz, que segundo o maitre são 4 pratos de livre criação do chef - um jantar ás escuras -, você precisa saber que a sua confiança será depositada num chef que não é o Claude, apesar de você estar no restaurante dele.

Sabido isso, você a essa altura já terá na sua mesa o couvert que nada mais é do que pão fatiado coberto com queijo, manteiga e biscoito polvilho. Até aí, ok. A menos que você ao final de tudo tenha escolhido o menu confiance, de R$ 198,00, e na hora da conta o restaurante te cobre R$ 10,00 por pessoa pelo couvert. Veja bem, não é pelo valor. Se você se dispôs a pagar R$ 198,00 por um jantar (sem o vinho ainda), não serão R$ 10,00 que tirarão seu sono. Mas é pela delicadeza de entender que aquela pessoa se entregou a uma experiência diferenciada que não escolher um prato principal do menu fixo e uma sobremesa. Sim, é um detalhe, mas como já disse, detalhes fazem a diferença.

Posto tudo isso, vamos ao jantar. O menu confiance consiste em uma entrada fria, uma entrada quente, um peixe e uma carne. A sobremesa está incluída mas você, dessa vez, não é surpreendido e sim escolhe uma das opçõpes do cardápio. A minha amiga resolveu, ainda assim, desafiar o chef e pedir uma surpresa. Eu nao, escolhi o suspiro com limão siciliano. Resultado: me dei melhor que ela pois a suspresa não teve nenhuma graça.

Já os pratos do menu confiance estavam bem gostosos. Primeiro veio uma espécie de rocambole frio de peixes crus, depois um ravioloni de abóbora. O prato principal de peixe era um linguado muito gostoso e a carne era um magret de pato. Tudo estava gostoso, saboroso. Mas nada impressionou, nada foi criativo a ponto de me surpreender. Exceto uma coisa: o acompanhamento do magret de pato (que estava um pouco seco). Era um purê de maçã e maracujá sob endivias grelhadas. O amargo da endívia com o adocicado do purê fizeram um casamento muito feliz.

Se eu voltaria? Sim, voltaria. Como disse, estava tudo gostoso, comi muito bem.Boas execuções também fazem parte da lista dos detalhes que fazem toda diferença. Mas minhas próximas investidas lá, a quem possa interessar, serão: a codorna recheada ou o cherne e de sobremesa a combinação de breme brulee com mousse de chocolate. Espero que dê assunto para um próximo post.

Olympe: Rua Custódio Serrão, 62. Tel. (21) 2539-4542
PS: Quando eu liguei para pedir informações de como chegar, atendeu o maitre que era estrangeiro. Até agora não descobri se ele era francês ou russo, mas o fato é que ele não entendia a minha pergunta e tampouco me deu referências de como chegar. Ainda bem que uma alma boa de um garçom pegou o telefone da mào dele e pôde me ajudar! SEndo assim, lá vai a dica: vai pela rua Jardim Botanico sentido ipanema-humaitá, entra a direita na Rua Frei Leandro. É na esquina a esquerda.