domingo, 3 de junho de 2012

UM JANTAR MILANÊS

Um belo dia, sem nem eu bem saber como, fui parar numa mesa super exclusiva, num restaurante japonês. Na mesa apenas 7 pessoas contando comigo. Dentre essas pessoas, duas de quem sou realmente muito fã. E de repente, lá estava eu, sentada com eles, jantando, batendo papo, rindo, e ficando fã dos outros 4. Me senti naqueles quadros de programas de TV em que a pessoa realiza um sonho, conhece seus ídolos. No programa em que eu trabalho, chama "dia de sonho". No meu caso, foi uma "noite de sonho".

Só que não acabou por aí, como acontece geralmente na TV. O tal grupo de 7 pessoas acabou virando uma confraria. Ou melhor dizendo, uma sociedade. Sociedade Opaboca de Gastronomia Ilimitada. Assim nos nomeamos, garantindo aos curiosos que Opaboca significava "vamos comer bem" em tupi-guarani.

Na tentativa de cumprir o nosso lema, organizei um jantar para os Opabocas na última quarta feira, dia 30, no restaurante Da Brambini, no Leme. Essa pequena trattoria do milanês Umberto Vegetti é daqueles achados, de clientela fiel e local. Onde tudo é bem simples e por isso mesmo é bom. Daqueles lugares onde o serviço é rápido, às vezes parecendo seco, mas no fundo é muito atencioso, apenas com um leve toque italiano, se é que me entendem. Demorei muito para conhecer o Da Brambini mas hoje eu me dei conta de que meu deslocamento Barra / Leme vai ter que ser mais freqüente. E aqui divido com vocês por quê.

A noite começou com uma poletinha com ragu de lingüiça e funghi... Quer dizer, começou mesmo com o couvert, que jamais em tempo algum você deve rejeitar. É uma variedade de coisinhas deliciosas que é impossível pensar em não comer. Atenção especial às bruschettas.

Mas voltando à polentinha... Foi um belo começo. Difícil foi deixar o prato pela metade, já que de "poletinha" não tinha nada e ainda havia muito por vir. Em seguida, Tortelli di zucca, de massa verde que contrastava com a cor vibrante da abóbora no recheio. Por cima da massa, um molho a base de manteiga e pedaços de aspargos verdes, que a principio pareciam meio deslocados ali mas que ao final de tudo foi um charme a mais.

Em seguida, veio o prato que eu mais aguardava: pesce al sale, servido com batatas rústicas e alecrim que de tão cheiroso abriu nosso Apetite. Trata-se de um belo pargo (e Umberto diz que só faz esse prato se tiver pargo) assado envolto em sal grosso e só. O resultado é uma carne branca, macia e de gosto suave. Não vejo a hora de voltar para o repeteco.

O último prato foi a picatta al limone, servido com legumes grelhados. Filé mignon macio, molho azedinho e legumes al dente. Excelente do começo ao fim.



O grand finale foi o tiramisu da casa, que é daqueles como deve ser. Eu não sei você, que está lendo aí, mas eu acho que o Tiramisu e o estrogonofe sofrem do mesmo mal. Cada um tem uma receita, em cada lugar é de um jeito e é o tipo de prato que se os ingredientes não forem realmente bons, vira uma outra coisa. Não vale substituir o mascarpone por cream cheese nem o tomate por catchup. E o Tiramisu do Da Brambini é de verdade. É como tem que ser. Tanto que saí do restaurante com uma quentinha pra levar pra casa. Por que a casa é italiana e nós, italianos, servimos tudo de muito e ainda não temos vergonha nenhuma de levar um pouquinho pra mais tarde.

Ah! E se a tradução de "Opaboca" é verdadeira? Bem, acho que na última quarta feira foi.

Da Brambini Ristorante: Av. Atlântica, 514, leme, Rio de Janeiro.